Mais do que palavras. Sinais exteriores de fé pelo celebrante
O significado das genuflexões e outros gestos
Pe. Nicola Bux
"Entraram na casa, viram o
Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d'Ele, adoraram-No" (Mateus 2, 11).
A propósito da atitude dos Magos
diante do Deus Menino, transcrevo este artigo do Pe. Nicola Bux, publicado pela
agância ZENIT. O Pe. Nicola Bux é professor de
Liturgia Oriental em Bari e consultor da Congregação para a Doutrina da Fé,
para as Causas dos Santos, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos,
bem como do Departamento de Celebrações Litúrgicas do Santo Padre).
Jerôme Nadal (ed.), A adoração dos magos
A fé na presença do Senhor, e em particular na sua presença Eucarística, é expressa de forma exemplar pelo sacerdote, quando ele se ajoelha com profunda reverência durante a Santa Missa ou antes da Comunhão Eucarística
Na liturgia pós-conciliar estes actos de devoção foram
reduzidas ao mínimo em nome da sobriedade. O resultado é que as genuflexões se
tornaram uma raridade, ou um gesto superficial. Nós tornamo-nos mesquinhos com
os nossos gestos de reverência diante do Senhor, embora, muitas vezes,
elogiemos os Judeus e Muçulmanos pelo seu fervor e maneira de rezar.
Mais do que palavras, uma genuflexão manifesta a humildade
do sacerdote, que se reconhece apenas como um ministro, e também a sua
dignidade, dado ser capaz de tornar presente o Senhor no sacramento. No
entanto, há outros sinais de devoção.
Quando o sacerdote estende as mãos em oração, ele indica a
súplica do pobre e humilde. A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR)
estabelece que o sacerdote “quando celebra a Eucaristia, deve servir a Deus e
ao povo com dignidade e humildade, e pelo seu porte e pela maneira como diz as
palavras divinas deve transmitir aos fiéis a presença viva de Cristo” (n. 93).
Uma atitude de humildade está em consonância com o próprio Cristo, manso e
humilde de coração. Ele deve crescer e eu diminuir.
Ao caminhar para o altar, o sacerdote deve ser humilde, sem
ostentação, sem ceder em olhar para a direita e para a esquerda, como se
buscasse aplausos. Em vez disso, deve olhar para Jesus; Cristo crucificado está
presente altar, diante do qual o sacerdote deve inclinar-se. O mesmo é feito
diante das imagens sagradas exibidas na abside ou aos lados do altar, a Virgem,
o santo titular, os outros santos.
Segue-se o beijo reverente do altar e eventualmente o
incenso, o sinal da cruz e a sóbria saudação dos fiéis. Após a saudação é o
acto penitencial, a ser realizado sentidamente, com os olhos baixos. Na forma
extraordinária, os fiéis ajoelham-se, imitando o publicano que agradou ao
Senhor.
O celebrante não deve levantar a sua voz, e deve manter um
tom claro para a homilia, mas a voz deve ser submissa e suplicante na oração,
solene quando cantada. “Nos textos que deverão ser ditos em voz alta e clara,
quer pelo sacerdote quer pelo diácono, ou pelo leitor, ou por todos, o tom de
voz deve corresponder ao género do próprio texto, ou seja, dependendo se se trata
de uma leitura, uma oração, um comentário, uma aclamação, ou de um texto
cantado; o tom também deve ser adaptado à forma de celebração e à solenidade da
reunião” (IGMR, n. 38).
O sacerdote tocará os dons sagrados com admiração, e
purificará os vasos sagrados com calma e atenção, em consonância com o exemplo
de tantos santos e sacerdotes anteriores a ele. Ele baixará a cabeça sobre o
pão e o cálice aquando da pronunciação das palavras de consagração e na
invocação do Espírito Santo (epiclese). Levantará separadamente a Hóstia e o
Cálice, fixando o seu olhar sobre eles em adoração e, em seguida, baixá-los-á
em meditação. Ajoelhar-se-á duas vezes em adoração solene. Continuará com
recolhimento e em tom de oração desde a anamnese à doxologia, levantando os
dons sagrados em oferta ao Pai.
Após a comunhão, o silêncio de acção de graças pode ser
feito de pé, melhor do que sentado, em sinal de respeito, ou de joelhos, se for
possível, como fazia João Paulo II até ao final, quando celebrava na sua capela
particular, com a cabeça abaixada e as mãos unidas. Pedia que o dom recebido
por ele fosse um remédio para a vida eterna, como na fórmula que acompanha a
purificação dos vasos sagrados; muitos fiéis fazem-no e são um exemplo.
Não deverão a patena e o cálice (vasos que são sagrados por
causa do que contêm) serem cobertos “louvavelmente” (IGMR, n. 118; cf. 183), em
sinal de respeito – e também por razões de higiene – como as Igrejas Orientais
fazem?
O sacerdote, após a saudação e bênção final, subindo ao
altar para beijá-lo, voltará a levantar os olhos para o crucifixo e fará uma
inclinação diante do altar e uma genuflexão diante do tabernáculo. Então
voltará para a sacristia, recolhido, sem dissipar com olhares e palavras a
graça do mistério celebrado.
Desta forma os fiéis irão ser ajudados a compreender os
sinais sagrados da liturgia, que é algo sério, em que tudo tem um significado
para o encontro com o mistério de Deus.
Como é importante o exemplo! Sou uma simples leiga, não sou especialista em liturgia, mas tudo isto faz muito sentido no meu coração. Adorar o Senhor com uma genuflexão calma e bem feita é por si só uma oração. Aprendi com o testemunho das freiras da minha educação e com alguns dos sacerdotes nos dias de hoje. Isabel Santos
ResponderEliminarObrigado Sr. Pe. José Ferreira por este espaço de partilha da Fé Cristã.
ResponderEliminarAbraço.
HV