domingo, janeiro 06, 2013

Mais do que palavras. Sinais exteriores de fé

 





Mais do que palavras. Sinais exteriores de fé pelo celebrante

O significado das genuflexões e outros gestos

Pe. Nicola Bux

"Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d'Ele, adoraram-No" (Mateus 2, 11).


Jerôme Nadal (ed.), A adoração dos magos
 
A propósito da atitude dos Magos diante do Deus Menino, transcrevo este artigo do Pe. Nicola Bux, publicado pela agância ZENIT. O Pe. Nicola Bux é professor de Liturgia Oriental em Bari e consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, para as Causas dos Santos, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Departamento de Celebrações Litúrgicas do Santo Padre).
 
A fé na presença do Senhor, e em particular na sua presença Eucarística, é expressa de forma exemplar pelo sacerdote, quando ele se ajoelha com profunda reverência durante a Santa Missa ou antes da Comunhão Eucarística

Na liturgia pós-conciliar estes actos de devoção foram reduzidas ao mínimo em nome da sobriedade. O resultado é que as genuflexões se tornaram uma raridade, ou um gesto superficial. Nós tornamo-nos mesquinhos com os nossos gestos de reverência diante do Senhor, embora, muitas vezes, elogiemos os Judeus e Muçulmanos pelo seu fervor e maneira de rezar.

Mais do que palavras, uma genuflexão manifesta a humildade do sacerdote, que se reconhece apenas como um ministro, e também a sua dignidade, dado ser capaz de tornar presente o Senhor no sacramento. No entanto, há outros sinais de devoção.

Quando o sacerdote estende as mãos em oração, ele indica a súplica do pobre e humilde. A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR) estabelece que o sacerdote “quando celebra a Eucaristia, deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e pelo seu porte e pela maneira como diz as palavras divinas deve transmitir aos fiéis a presença viva de Cristo” (n. 93). Uma atitude de humildade está em consonância com o próprio Cristo, manso e humilde de coração. Ele deve crescer e eu diminuir.

Ao caminhar para o altar, o sacerdote deve ser humilde, sem ostentação, sem ceder em olhar para a direita e para a esquerda, como se buscasse aplausos. Em vez disso, deve olhar para Jesus; Cristo crucificado está presente altar, diante do qual o sacerdote deve inclinar-se. O mesmo é feito diante das imagens sagradas exibidas na abside ou aos lados do altar, a Virgem, o santo titular, os outros santos.

Segue-se o beijo reverente do altar e eventualmente o incenso, o sinal da cruz e a sóbria saudação dos fiéis. Após a saudação é o acto penitencial, a ser realizado sentidamente, com os olhos baixos. Na forma extraordinária, os fiéis ajoelham-se, imitando o publicano que agradou ao Senhor.

O celebrante não deve levantar a sua voz, e deve manter um tom claro para a homilia, mas a voz deve ser submissa e suplicante na oração, solene quando cantada. “Nos textos que deverão ser ditos em voz alta e clara, quer pelo sacerdote quer pelo diácono, ou pelo leitor, ou por todos, o tom de voz deve corresponder ao género do próprio texto, ou seja, dependendo se se trata de uma leitura, uma oração, um comentário, uma aclamação, ou de um texto cantado; o tom também deve ser adaptado à forma de celebração e à solenidade da reunião” (IGMR, n. 38).

O sacerdote tocará os dons sagrados com admiração, e purificará os vasos sagrados com calma e atenção, em consonância com o exemplo de tantos santos e sacerdotes anteriores a ele. Ele baixará a cabeça sobre o pão e o cálice aquando da pronunciação das palavras de consagração e na invocação do Espírito Santo (epiclese). Levantará separadamente a Hóstia e o Cálice, fixando o seu olhar sobre eles em adoração e, em seguida, baixá-los-á em meditação. Ajoelhar-se-á duas vezes em adoração solene. Continuará com recolhimento e em tom de oração desde a anamnese à doxologia, levantando os dons sagrados em oferta ao Pai.

Após a comunhão, o silêncio de acção de graças pode ser feito de pé, melhor do que sentado, em sinal de respeito, ou de joelhos, se for possível, como fazia João Paulo II até ao final, quando celebrava na sua capela particular, com a cabeça abaixada e as mãos unidas. Pedia que o dom recebido por ele fosse um remédio para a vida eterna, como na fórmula que acompanha a purificação dos vasos sagrados; muitos fiéis fazem-no e são um exemplo.

Não deverão a patena e o cálice (vasos que são sagrados por causa do que contêm) serem cobertos “louvavelmente” (IGMR, n. 118; cf. 183), em sinal de respeito – e também por razões de higiene – como as Igrejas Orientais fazem?

O sacerdote, após a saudação e bênção final, subindo ao altar para beijá-lo, voltará a levantar os olhos para o crucifixo e fará uma inclinação diante do altar e uma genuflexão diante do tabernáculo. Então voltará para a sacristia, recolhido, sem dissipar com olhares e palavras a graça do mistério celebrado.

Desta forma os fiéis irão ser ajudados a compreender os sinais sagrados da liturgia, que é algo sério, em que tudo tem um significado para o encontro com o mistério de Deus.


 

2 comentários:

  1. Como é importante o exemplo! Sou uma simples leiga, não sou especialista em liturgia, mas tudo isto faz muito sentido no meu coração. Adorar o Senhor com uma genuflexão calma e bem feita é por si só uma oração. Aprendi com o testemunho das freiras da minha educação e com alguns dos sacerdotes nos dias de hoje. Isabel Santos

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  2. Obrigado Sr. Pe. José Ferreira por este espaço de partilha da Fé Cristã.

    Abraço.
    HV

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