No
Evangelho de hoje, Jesus diz de Si mesmo, dirigindo-Se a Pilatos: “É como
dizes: sou Rei” (João 18, 37).
Mas, se Jesus é Rei, onde está o seu reino?
Está, ou deve estar, antes de mais, em nós, nos nossos corações. “Cristo deve reinar, em primeiro lugar, na nossa alma. (…) Se pretendemos que Cristo reine, temos de ser coerentes, começando por Lhe entregar o nosso coração” (S. Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n. 181).
Isso não implica que já sejamos perfeitos. Basta que sejamos humildes e simples, como aquele burrinho sobre o qual Jesus montou, quando entrou em Jerusalém. “Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente em nós com um lugar perfeito, teríamos razão para desesperar. Mas não temas, filha de Sião; eis que o teu Rei vem montado num jumentinho. Vedes? Jesus contenta-se com um pobre animal por trono” (ibid.).
Mas, além de reinar em nós, gostaríamos muito que Jesus reinasse no coração de todos os homens.
Isto não significa que a fé possa ser imposta. Esta convicção acompanhou sempre a acção apostólica da Igreja.
Por exemplo, no séc. XIX, o Papa Leão XIII, na Encíclica Imortale Dei, (de 1 de Novembro de 1885), reafirmou esta doutrina, citando um ensinamento de Santo Agostinho: “É costume da Igreja velar com o maior cuidado para que ninguém seja forçado a abraçar a fé católica contra sua vontade, porquanto, como observa sabiamente Santo Agostinho, «o homem não pode crer senão querendo» (Homilia XXVI sobre S. João, n. 2)".
A fé não pode ser imposta. Mas deve ser proposta. Disse Bento XVI, na homilia da Missa que celebrou no Porto, em 14 de Maio de 2010: “Nada impomos, mas sempre propomos, como S. Pedro nos recomenda numa das suas cartas: «Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós» (1 Pedro 3, 15).
E em Munique, na homilia de uma Missa celebrada em 10 de Setembro de 2006, disse: “Não impomos esta fé a ninguém. Um semelhante género de proselitismo é contrário ao cristianismo. A fé pode desenvolver-se unicamente na liberdade. Mas é à liberdade dos homens que apelamos para que se abram a Deus, O procurem, O ouçam".
Pio
XI, na Encíclica Quas primas, explica
que Cristo é Rei não apenas em sentido metafórico, mas no sentido próprio da palavra.
O seu Reino não é deste mundo (João
18, 36), porque não tira deste mundo a sua origem, mas estende-se a este mundo,
e nele começa a realizar-se, para um dia florescer eternamente no Céu.
Mas, se Jesus é Rei, onde está o seu reino?
Está, ou deve estar, antes de mais, em nós, nos nossos corações. “Cristo deve reinar, em primeiro lugar, na nossa alma. (…) Se pretendemos que Cristo reine, temos de ser coerentes, começando por Lhe entregar o nosso coração” (S. Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n. 181).
Isso não implica que já sejamos perfeitos. Basta que sejamos humildes e simples, como aquele burrinho sobre o qual Jesus montou, quando entrou em Jerusalém. “Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente em nós com um lugar perfeito, teríamos razão para desesperar. Mas não temas, filha de Sião; eis que o teu Rei vem montado num jumentinho. Vedes? Jesus contenta-se com um pobre animal por trono” (ibid.).
Mas, além de reinar em nós, gostaríamos muito que Jesus reinasse no coração de todos os homens.
Isto não significa que a fé possa ser imposta. Esta convicção acompanhou sempre a acção apostólica da Igreja.
Por exemplo, no séc. XIX, o Papa Leão XIII, na Encíclica Imortale Dei, (de 1 de Novembro de 1885), reafirmou esta doutrina, citando um ensinamento de Santo Agostinho: “É costume da Igreja velar com o maior cuidado para que ninguém seja forçado a abraçar a fé católica contra sua vontade, porquanto, como observa sabiamente Santo Agostinho, «o homem não pode crer senão querendo» (Homilia XXVI sobre S. João, n. 2)".
A fé não pode ser imposta. Mas deve ser proposta. Disse Bento XVI, na homilia da Missa que celebrou no Porto, em 14 de Maio de 2010: “Nada impomos, mas sempre propomos, como S. Pedro nos recomenda numa das suas cartas: «Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós» (1 Pedro 3, 15).
E em Munique, na homilia de uma Missa celebrada em 10 de Setembro de 2006, disse: “Não impomos esta fé a ninguém. Um semelhante género de proselitismo é contrário ao cristianismo. A fé pode desenvolver-se unicamente na liberdade. Mas é à liberdade dos homens que apelamos para que se abram a Deus, O procurem, O ouçam".
Sim, propomos, convidamos, desafiamos, mostramos como é bom
acreditar, mostramos como a vida se torna melhor, mais feliz, mesmo com
lágrimas, mesmo com lutas, quando acreditamos em Deus, quando seguimos Jesus
Cristo, na sua Igreja.
Finalmente, julgo poder dizer que
desejaríamos que a sociedade, nas suas escolhas mais profundas e decisivas,
fosse inspirada pela mensagem do Evangelho, e que Jesus fosse também Rei das
sociedades e das comunidades humanas.
Leão XIII, na Encíclica atrás citada, elogiou
os tempos em que “a filosofia do Evangelho governava os Estados”.
“Nessa época – escreveu o Papa da Rerum Novarum – a influência da
sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os
costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil.
Então a religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau
de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor
dos príncipes e à proteção legítima dos magistrados. Então o sacerdócio e o
império estavam ligados em si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa
de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a
toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como
está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá
corromper ou obscurecer” (Encíclica Imortale Dei, n. 28).
É fundada esta análise de Leão XIII?
São melhores as sociedades inspirada pelo Evangelho? Em Portugal, foram, por
exemplo, os tempos de D. João I e do Santo Condestável, S. Nuno de Santa Maria.
Seriam tempos melhores ou piores que os de hoje?
Dizer que eram bons os tempos em que “a
filosofia do Evangelho governava os Estados” nem não significa de forma nenhuma
que seja a Igreja quem deve governar a sociedade, nem que o Papa, os Bispos ou
os sacerdotes devam assumir responsabilidades de governação ou quaisquer
funções políticas.
Para isso é que existem os governos e as
instituições políticas dos diversos povos, sujeitas ao sufrágio das populações.
Mas significa que as sociedades deveriam
sempre inspirar-se na “sabedoria cristã”, e portanto respeitar Deus e a sua
Lei, e nunca promover ou permitir a aprovação de leis que manifestamente violam
a lei moral ou a lei natural. E também que nunca deveriam desistir das suas
responsabilidades sociais, e que nunca deveriam deixar entregues à sua sorte os
mais débeis e mais pobres.
Se a sabedoria do Evangelho inspirasse
as sociedades, não seria muito melhor do que estas serem regidas pelo
agnosticismo ou dominadas pela ditadura do relativismo, como actualmente
acontece? Não será esta a única solução dos males dos nossos tempos?
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O Reino de Cristo na sociedade humana,
desde as famílias ao Estado, é um ideal a atingir.
As condições históricas tornam hoje
muito difícil a sua realização, mas não devemos desistir que Cristo reine, não
só nos corações, mas também nas sociedades, que serão assim mais equilibradas, mais
justas, mais respeitadoras das legítimas diversidades, e também mais fraternas,
mesmo com dificuldades, porque alicerçadas na sabedoria de Deus, e construídas na
obediência a Jesus Cristo, Redentor, Rei e Amigo de todos os homens.
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