domingo, novembro 11, 2012

Contemplar o Criador


 
1. No Credo de Niceia-Constantinopla dizemos: “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”. E no Símbolo dos Apóstolos diz-se: “Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra”.

Acreditamos que Deus é o Criador de todas as coisas que existem.
 
 Grande inicial «I», de « In principio creavit Deus»
(Génesis 1, 1) (Bíblia de Marquette – Museu J. P. Getty - séc. XIII)

Isto não significa que Deus tenha feito tudo (materialmente). Por exemplo, a Igreja dos Jerónimos foi construída por muitos operários, dirigidos por um arquitecto (ou por vários arquitectos). Não foi Deus que colocou as pedras nem esculpiu as colunas…

Mas dizemos que Deus é Criador, em três sentidos:

1º - Porque fez que existissem realidades diferentes d’Ele. Podia só existir Deus e nada mais senão Deus, que existe desde toda a eternidade. Mas Deus quis que existissem outros seres, outras «coisas» que não são Deus nem se confundem com Deus:

a)      Primeiro, realidades invisíveis, isto é, espirituais e pessoais, que são os Anjos.

b)     Depois, realidades visíveis, a cuja totalidade chamamos «Universo». Neste imenso Universo (que é imenso mas não infinito…) apareceu a certa altura, porque Deus assim o quis, o Homem, que é um ser único, ao mesmo tempo material e espiritual. (Haverá outros seres como nós? Pelo menos, até agora não os conhecemos…).

2º - Porque dotou a criação material de leis que regulam e dirigem, desde o primeiro momento, a sua existência e o seu desenvolvimento.

3º - Porque sustenta no ser toda a realidade. Se deixasse de o fazer, tudo se «esvaía», e mergulhava no nada. Deus é o fundamento do ser ao nível do ser. Tudo depende de Deus quanto ao ser. É uma dependência total! Sem esta acção do Criador, não existiria qualquer ser fora de Deus!
2. Algumas pessoas pensam que o Universo se explica a si mesmo. Na verdade, conhecemos muitas leis da matéria, e a ciência consegue explicar muitos fenómenos, tanto à escala do imensamente grande como à escala do imensamente pequeno. Por exemplo, os cientistas falam da «fuga das galáxias», e também identificam as partículas elementares do átomo, como a mais recente a ser descoberta, a chamada «partícula de Deus»…
É inegável que o Universo tem leis, que a ciência descobre, interpreta e procura explicar. Mas não podemos fugir a esta questão: qual é a origem dessas leis físicas? Elas não podem nem: a) Ter início com o próprio Universo, porque têm de ser, de algum modo anteriores a ele, para o poder originar ou dirigir; nem: b) Originar-se a si mesmas, porque nada pode ser causa e efeito de si mesmo.
Portanto, é necessário um Criador, que, ao criar o Universo, criou as leis que o regulam e dirigem.
3. Não há muito tempo ainda, (há cerca de dois anos), um físico e matemático inglês muito conhecido, publicou um livro em que diz que Deus já não é necessário para explicar o Universo, porque o Universo se criou ao si mesmo a partir do nada.
Seria possível responder em termos filosóficos que o nada não pode ser sujeito de uma acção, porque não existe, é nada... Para que algo seja sujeito de uma acção, já tem que existir. Mas, se já existe, já não precisa de se criar…
Mas a verdade é que, para este conhecido físico inglês, chamado Stephen Hawking, o nada é «alguma coisa», é um determinado estado físico, não é o nada absoluto.
Um outro cientista explicou que o nada para Stephen Hawking é como uma conta bancária que está a zeros. A dada altura pode crescer e passar a ter um milhão de euros (o que seria óptimo…). Stephen Hawking diz que foi isso que aconteceu com o Universo. O «nada» flutuou, e tudo aconteceu.
Tudo bem… Também a tal conta pode crescer, (por exemplo recebendo juros de uma outra conta), mesmo que tenha estado a zeros… Mas a primeira questão é saber quem abriu a conta, quem criou a conta. Também o «nada» que «flutuou», alguém teve de o criar, para poder «flutuar», e originar essa imensa grandeza que existe hoje.
Portanto, é preciso um Criador, para explicar tanto o «nada» do início como a imensa totalidade, o Universo que hoje existe.
4. S. Tomás de Aquino, no séc. XIII, comentando o Credo, escreveu com beleza e simplicidade: “Deves então acreditar que todas as coisas têm a origem num só Deus, que lhes dá a existência e a perfeição”.
Foi o que afirmou o Papa ao dirigir-se na passada quinta-feira, dia 8 de Novembro, aos participantes na reunião plenária da Pontifícia Academia das Ciências.
O mundo parece fechado a Deus, mas nós desejamos ser capazes de contemplar o Criador, com muito amor e gratidão, e também com muita confiança, porque acreditamos que não nos abandona, mesmo nas horas mais difíceis e nas provas pelas quais temos de passar nesta vida.
 

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