Do blog Christo Nihil Praeponere - "A nada dar
mais valor do que a Cristo", transcrevo o seguinte texto:
Em
cerimónia realizada no Santuário da Divina Misericórdia, em Cracóvia, os bispos
católicos da Polónia fizeram, na presença do presidente do país e de inúmeros
peregrinos, a entronização de Jesus Cristo como Rei da Polónia. O acto público
aconteceu durante a Missa do dia 19 de Novembro de 2016, e reuniu do lado de
fora do templo cerca de 6 mil fiéis. O mesmo rito foi repetido no dia seguinte,
domingo, em catedrais e paróquias de toda a Polónia.
Estátua de Cristo Rei (com mais de 52 m), existente em Swiebdzin (Polónia) (inaugurada em 21.11.2010) |
Não
é a primeira vez que os bispos polacos proclamam oficialmente o reinado de
Nosso Senhor em seu país. As últimas cerimónias aconteceram em Jasna Góra, em
1997, e em Łagiewniki, no ano 2000. Que um rito solene como esse conte com a
participação de um chefe de Estado, no entanto, é um facto inédito para a
Polónia. O presidente Andrzej Duda, católico convicto, participou em toda a
Missa acompanhado por sua mãe e por alguns ministros de seu governo.
"A
razão providencial e mais próxima para esse acto deve ser encontrada nas
revelações supostamente recebidas pela serva de Deus Rozalia Celakówna",
explica o padre Paul McDonald. "De acordo com ela, o Senhor pediu para ser
devidamente entronizado como Rei da nação polaca, de um modo especial e não
apenas nos corações dos polacos. Isso salvaria a Polnia da próxima guerra que
viria".
À
parte essa revelação privada, no entanto, também o Magistério da Igreja tem um
ensinamento bem claro a respeito da soberania de Cristo sobre os povos. Uma das
manifestações mais importantes nesse sentido é a Carta Encíclica Quas Primas, escrita pelo Papa Pio XI e
publicada em 11 de Dezembro de 1925. Nela é possível ler frases como as
seguintes:
"
Não recusem os chefes das nações prestar testemunho público de reverência e de
obediência ao império de Cristo juntamente com os seus povos, se quiserem, com
a incolumidade do seu poder, o incremento e o progresso da pátria."
"
Se os homens, pública e privadamente, reconhecem o poder soberano de Cristo,
necessariamente virão benefícios incríveis à inteira sociedade humana, como
liberdade justa, tranquilidade e disciplina, paz e concórdia. A dignidade régia
de nosso Senhor, tal como, de alguma maneira, torna sagrada a autoridade humana
dos príncipes e dos chefes de Estado, assim enobrece os deveres dos cidadãos e
a sua obediência."
"O
dever de venerar publicamente Cristo e de lhe obedecer diz respeito não somente
aos particulares, mas também aos magistrados e governantes."
Isso
significa dizer que Nosso Senhor deve reinar sobre os corações, mas também
sobre toda a sociedade. Se somos realmente diferentes dos animais; se possuímos
de facto uma alma, para além de nosso organismo físico, rejeitar publicamente a
religião significaria deformar a própria natureza humana, chamada que é a amar
a Deus com todo o seu ser, tanto individualmente quanto em conjunto. Os media e
a classe intelectual vêem com maus olhos acções desse tipo porque já foram
contaminadas pelo vírus do "laicismo". Esquecidas do verdadeiro
significado da expressão "Estado laico" — que consiste na justa e
sadia separação entre a esfera civil e a espiritual —, o que elas querem, na
verdade, é um "Estado ateu", que não faça menção alguma do nome de
Deus, desprezando com isso a própria razão, e ignore completamente a religião
de seus súbditos, transformando-se assim numa verdadeira tirania.
De
facto, as tragédias do século XX — que os Papas, como Pio XI, fizeram questão
de denunciar — mostram que o silêncio a respeito do Criador conduz fatalmente à
divinização das criaturas, àquilo que os antigos chamavam de
"idolatria". Não é que as pessoas deixem de acreditar em Deus; o que
elas fazem é substituir o verdadeiro por deuses falsos: o Estado, o dinheiro, o
sexo, a fama etc.
Considerando
tudo isso, reconhecer Cristo como Rei significa, ao mesmo tempo, um grande
"não", especialmente por parte das autoridades civis. Com isso, elas estariam
a declarar: "Não, não vamos tomar o lugar de Deus"; "Não vamos
aprovar leis que contrariem a realidade das coisas, tal como foram criadas por
Deus"; " Não vamos construir outra Torre de Babel com os nossos actos
de governo"; "Não vamos incentivar a destruição da natureza humana com
leis iníquas". Para o bem de todos os homens, portanto, que se repita em
muitos outros lugares, em todo o mundo!, essa consagração realizada na Polónia.
E, como exclamavam os mártires católicos do México, «que viva Cristo Rey!»
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