domingo, novembro 26, 2017

Quando um país se consagra a Cristo Rei

Do blog Christo Nihil Praeponere - "A nada dar mais valor do que a Cristo", transcrevo o seguinte texto: 

Em cerimónia realizada no Santuário da Divina Misericórdia, em Cracóvia, os bispos católicos da Polónia fizeram, na presença do presidente do país e de inúmeros peregrinos, a entronização de Jesus Cristo como Rei da Polónia. O acto público aconteceu durante a Missa do dia 19 de Novembro de 2016, e reuniu do lado de fora do templo cerca de 6 mil fiéis. O mesmo rito foi repetido no dia seguinte, domingo, em catedrais e paróquias de toda a Polónia.


Estátua de Cristo Rei (com mais de 52 m), existente em Swiebdzin (Polónia) (inaugurada em 21.11.2010)


Não é a primeira vez que os bispos polacos proclamam oficialmente o reinado de Nosso Senhor em seu país. As últimas cerimónias aconteceram em Jasna Góra, em 1997, e em Łagiewniki, no ano 2000. Que um rito solene como esse conte com a participação de um chefe de Estado, no entanto, é um facto inédito para a Polónia. O presidente Andrzej Duda, católico convicto, participou em toda a Missa acompanhado por sua mãe e por alguns ministros de seu governo.
"A razão providencial e mais próxima para esse acto deve ser encontrada nas revelações supostamente recebidas pela serva de Deus Rozalia Celakówna", explica o padre Paul McDonald. "De acordo com ela, o Senhor pediu para ser devidamente entronizado como Rei da nação polaca, de um modo especial e não apenas nos corações dos polacos. Isso salvaria a Polnia da próxima guerra que viria".
À parte essa revelação privada, no entanto, também o Magistério da Igreja tem um ensinamento bem claro a respeito da soberania de Cristo sobre os povos. Uma das manifestações mais importantes nesse sentido é a Carta Encíclica Quas Primas, escrita pelo Papa Pio XI e publicada em 11 de Dezembro de 1925. Nela é possível ler frases como as seguintes:
" Não recusem os chefes das nações prestar testemunho público de reverência e de obediência ao império de Cristo juntamente com os seus povos, se quiserem, com a incolumidade do seu poder, o incremento e o progresso da pátria."
" Se os homens, pública e privadamente, reconhecem o poder soberano de Cristo, necessariamente virão benefícios incríveis à inteira sociedade humana, como liberdade justa, tranquilidade e disciplina, paz e concórdia. A dignidade régia de nosso Senhor, tal como, de alguma maneira, torna sagrada a autoridade humana dos príncipes e dos chefes de Estado, assim enobrece os deveres dos cidadãos e a sua obediência."
"O dever de venerar publicamente Cristo e de lhe obedecer diz respeito não somente aos particulares, mas também aos magistrados e governantes."
Isso significa dizer que Nosso Senhor deve reinar sobre os corações, mas também sobre toda a sociedade. Se somos realmente diferentes dos animais; se possuímos de facto uma alma, para além de nosso organismo físico, rejeitar publicamente a religião significaria deformar a própria natureza humana, chamada que é a amar a Deus com todo o seu ser, tanto individualmente quanto em conjunto. Os media e a classe intelectual vêem com maus olhos acções desse tipo porque já foram contaminadas pelo vírus do "laicismo". Esquecidas do verdadeiro significado da expressão "Estado laico" — que consiste na justa e sadia separação entre a esfera civil e a espiritual —, o que elas querem, na verdade, é um "Estado ateu", que não faça menção alguma do nome de Deus, desprezando com isso a própria razão, e ignore completamente a religião de seus súbditos, transformando-se assim numa verdadeira tirania.
De facto, as tragédias do século XX — que os Papas, como Pio XI, fizeram questão de denunciar — mostram que o silêncio a respeito do Criador conduz fatalmente à divinização das criaturas, àquilo que os antigos chamavam de "idolatria". Não é que as pessoas deixem de acreditar em Deus; o que elas fazem é substituir o verdadeiro por deuses falsos: o Estado, o dinheiro, o sexo, a fama etc.

Considerando tudo isso, reconhecer Cristo como Rei significa, ao mesmo tempo, um grande "não", especialmente por parte das autoridades civis. Com isso, elas estariam a declarar: "Não, não vamos tomar o lugar de Deus"; "Não vamos aprovar leis que contrariem a realidade das coisas, tal como foram criadas por Deus"; " Não vamos construir outra Torre de Babel com os nossos actos de governo"; "Não vamos incentivar a destruição da natureza humana com leis iníquas". Para o bem de todos os homens, portanto, que se repita em muitos outros lugares, em todo o mundo!, essa consagração realizada na Polónia. E, como exclamavam os mártires católicos do México, «que viva Cristo Rey!»

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