Escreveu um grande Bispo do séc. IV, Santo Hilário de Poitiers:
“Ouçamos o que diz a palavra do Senhor sobre a acção do Espírito em nós: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas agora não as podeis compreender. É melhor para vós que Eu vá; se Eu for, enviar-vos-ei o Paráclito (João 16, 12; 16, 7).
E noutro lugar: Eu pedirei ao Pai e Ele vos enviará outro Paráclito, para estar convosco eternamente, o Espírito da verdade (João 14, 16). Ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir. Ele Me glorificará, porque recebe do que é meu (João 16 13-14).
Estas palavras, entre muitas outras, foram ditas para nos dar a conhecer a vontade d'Aquele que confere o Dom e a natureza e perfeição do mesmo Dom. Deste modo, já que a nossa debilidade não nos permite compreender nem o Pai nem o Filho, o Dom que é o Espírito Santo estabelece um certo contacto entre nós e Deus, para iluminar a nossa fé nas dificuldades relativas à Encarnação de Deus.
Recebemo-Lo, portanto, para compreender. (…) A alma humana, se não recebe pela fé o Dom que é o Espírito, tem certamente uma natureza capaz de conhecer a Deus, mas falta-lhe a luz para chegar a esse conhecimento.
Este Dom de Cristo está todo à disposição de todos e encontra-Se em toda a parte; mas é dado na medida do desejo e dos méritos de cada um. Ele está connosco até ao fim do mundo; Ele é o consolador no tempo da nossa expectativa; Ele, pela actividade dos seus dons, é o penhor da nossa esperança futura; Ele é a luz do nosso espírito, Ele é o resplendor das nossas almas”.
(Santo Hilário, Sobre a Trindade, Lib. 2, 1, 33, 35)
Por isso, com toda a confiança e fervor Lhe pedimos:
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor; enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra.
Celebrando o Pentecostes, podem resultar oportunos os seguintes propósitos:
1. Não viver às escuras. Viver no Espírito Santo. Viver em união com Deus. Viver na graça de Deus. Não viver nunca em pecado. Se pequei, vou-me confessar para receber o perdão de Deus e a paz da Igreja.
2. Avaliar tudo na luz de Deus. As pequenas escolhas e as grandes escolhas. «Meu Deus, que achas desta decisão que vou tomar? Meu Deus, parece-Te bom este meu modo de agir? Meu Deus, que devo fazer para ser melhor?» Leva à oração as tuas decisões antes de as tomares. Reza de joelhos – cinco minutos, meia hora, ou o tempo que for preciso, a pedir luz a Deus. «Senhor, não me deixes escolher mal, e se me enganei, corrige-me, ilumina-me…»
3. Guiados pelo Espírito Santo, vir ao encontro de Jesus, porque só Ele nos salva. Precisamos de ser salvos da violência, da maldade, da indiferença pelos outros, da ignorância de não saber quem somos. E acreditamos que “Jesus pode salvar de um modo definitivo, os que por meio d' Ele se aproximam de Deus, pois Ele está vivo para sempre, a fim de interceder por eles” (Hebreus 7, 25)
4. E vir a seu encontro onde Ele está: na sua Igreja, no Sacrário, onde está sempre à nossa espera, e sobretudo na celebração da Missa, onde o seu sacrifício se torna presente. Uma decisão vital é nunca faltar à Missa de Domingo. Além de ser um pecado grave, é um enorme desperdício. É como se alguém tivesse ganho o «Euromilhões», e não fosse levantar o prémio.
5. Procurar que aumente a amizade e a caridade de todos na Igreja, particularmente na Paróquia. Sentir a Paróquia como minha, e fortalecê-la com a minha presença, com o meu contributo e com o meu trabalho, com o meu serviço aos outros, para que possa cumprir melhor a sua missão.
Por isso, pedimos confiadamente:
Ó Deus, que instruístes os corações de Vossos fiéis com a Luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos rectamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Nosso Senhor. Amen.
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