1. A mensagem principal do 3º Domingo
do Advento encontra-se antes de mais no Intróito da Missa e depois no
Evangelho.
A antífona do Intróito é uma passagem
da Carta aos Filipenses, que se adapta muito bem a este Domingo do Advento, já
muito perto do Natal. O que S. Paulo escreveu aos Filipenses é especialmente
para nós, hoje: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos!”
(Filipenses 4, 4)
Em latim, “Alegrai-vos” diz-se: “Gaudete”, e é assim que
se chama este Domingo: o Domingo Gaudete. É um imperativo, que
gostaríamos de cumprir!
O
texto todo de S. Paulo diz:
“Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Seja de todos conhecida a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com coisa alguma; mas em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e acções de graças. E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4, 4-7).
Antes da reforma
litúrgica, lia-se sempre este texto na 1ª leitura da Missa. No actual
Leccionário, dividido em três anos (A-B-C), só é lido no ano C. Mas pelo menos
a mensagem está no Intróito (ou Cântico de entrada) da Missa: “Gaudete in
Domino semper”, “Alegrai-vos sempre no Senhor”.
Estar alegre é muito
bom, mas há alegrias breves que passam depressa: se o nosso clube está a jogar
com outro e marca um golo, há um grito de alegria no estádio, mas se depois o
adversário faz um golo e depois outro, e ganha o jogo, a nossa alegria inicial
transforma-se rapidamente em tristeza…
Muitas coisas nos dão
alegria, sobretudo o amor dos outros, na família, tal como a amizade dos
verdadeiros amigos, a companhia das pessoas boas, e também ouvir e apoiar
alguém que está a sofrer, ajudar os mais necessitados, partilhar com os mais
pobres o que temos, minorar a solidão dos idosos e doentes.
Nesta época do ano,
preparar um cabaz de Natal e levá-lo a uma família necessitada, visitar um
doente, convidar para a Ceia de Natal um vizinho ou um idoso que vive sozinho,
e tantos noutros gestos de atenção aos outros, podem trazer-nos uma verdadeira
alegria, mas, se nada disso tiver continuidade, se não houver na vida de cada
um serviço habitual feito aos outros e para glória de Deus- um serviço que custa,
embora dê gosto, que obriga a sair de casa, que ocupa tempo, que leva a
renunciar a outros planos, que muitas vezes implica dar dinheiro ou partilhar
bens materiais, se não houver continuidade e compromisso, então tudo são apenas
luzinhas que brilham algum tempo e depois se apagam, e rapidamente se
esquecem. Têm uma certa beleza, mas pouco mais são que uma ilusão.
2. Quando uma pessoa
é egoísta e quer tudo para si, só consegue ter pequenas alegrias, que talvez
nem o cheguem a ser, e passam muito depressa.
A alegria que não
passa é a alegria “in Domino”, “no Senhor”. S. Paulo diz-nos, como já
vimos: “Alegrai-vos sempre no Senhor”.
E eu, alegro-me no
Senhor? Alegro-me em Jesus?
Muitos não se
alegram. Só se alegram nas prendas, só se alegram nas festas de Natal, e é bom
haver festas, mas, se não houver alegria no Senhor, que pouco são!
Por que é que muitos
não se alegram “no Senhor”? Principalmente por esta razão: porque não O
conhecem. No 3º Domingo do Advento lia-se tradicionalmente um passo de S. João,
que agora se lê apenas no Ano B, no qual S. João Baptista responde aos que o
interrogam, dizendo: “Eu baptizo com água, mas no meio
de vós está Alguém que vós não conheceis” (João 1, 26).
Jesus
estava com eles, mas não O conheciam. Aqueles que O não conhecem, como é que se
podem alegrar “no Senhor”? Por isso, a nossa primeira tarefa, como católicos,
deverá ser dar a conhecer Jesus, o Senhor.
Porque
temos sincero amor pelos nossos semelhantes, desejamos que todos tenham uma
vida digna – que tenham alimentos, que tenham casa, que tenham acesso aos
cuidados de saúde, etc. – mas sobretudo desejamos que conheçam Jesus.
O Beato
João Paulo II, numa intervenção muito forte que quis ter, logo no início do seu
pontificado, na abertura da Conferência de Puebla, no México, em 28 de Janeiro
de 1979, deixou bem claro que é necessária “uma cuidadosa e zelosa transmissão
da verdade sobre Jesus Cristo. Esta encontra-se no centro da evangelização e
constitui o seu conteúdo essencial”. E então
citou Paulo VI ,que escrevera na
Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi: “Não haverá nunca
evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o Reino e
o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (n. 22).
3.
É preciso transmitir a todos verdade sobre Jesus Cristo, desde
o seu nascimento à ressurreição –
para que tenham alegria, para que se possam alegrar “no Senhor”, mesmo quando
tiverem sofrimentos, mesmo quando estiverem doentes, mesmo quando estiverem
desempregados, mesmo quando se sentirem pecadores, porque poderão sempre
encontrar n’Ele a força, a ajuda, o perdão e o amor, de que precisam acima de
tudo.
É
n’Ele e por ele que “a Boa Nova é anunciada aos pobres” (Mateus 11, 5). Por
isso, é vontade de Deus que todos os
homens conheçam Jesus Cristo.
O Papa
Francisco, citando João Paulo II, escreveu recentemente, na Exortação
apostólica Evangelii gaudium (“A alegria do Evangelho”), que «não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor» (n. 110).
Esta
tarefa foi a que realizaram os Apóstolos e os missionários de todos os tempos.
Nunca
foi fácil, e hoje talvez ainda o seja menos, porque no espírito de muita gente
há dúvidas e preconceitos. Mas estes obstáculos podem ser vencidos pela graça
de Deus, que toca os corações e nos ajuda no nosso apostolado.
Possa
Jesus neste próximo Natal, por intercessão de Maria, Nossa Senhora, ser
conhecido ou reconhecido por muitas pessoas que ainda O não conhecem ou
se esqueceram d’Ele, e que lhes dará o mais precioso de todos os presentes de
Natal que poderiam receber: a sua paz e o seu perdão, e com eles o amor e a
alegria.
Mais uma excelente reflexão.
ResponderEliminarCaminhemos, neste tempo de esperança, recolhimento e renovação da nossa fé seguros, que Jesus está a chegar uma vez mais, para iluminar os nossos corações e as nossas vidas.
Que melhor presente poderiamos desejar?
Obrigado!
Bem haja, Padre José Manuel Ferreira.
Cordialmente,
Célia Fonseca
Obrigado!